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O futebol ultrapassou Renato Gaúcho

  • Foto do escritor: Luiz Henrique Berger
    Luiz Henrique Berger
  • 15 de abr. de 2021
  • 4 min de leitura

Por Alexandre Hein.


Contexto e Adaptação.


O ano é 2017. 22 de novembro. Após vencer a partida de ida da final da Libertadores, Renato Portaluppi afirmou na sala de imprensa da Arena: “acertamos algumas coisas no vestiário. Fizemos uma marcação colada. Não demos mais espaço, crescemos.”. Marcação individual.


Desde a chegada de Renato, o Grêmio utiliza dessa forma de jogar (sem bola). Que se caracterizou por algumas marcas registradas: duas linhas de 4 em uma marcação meia pressão/linha média com perseguições individuais e 2 atacantes a frente (centroavante + o “10”), onde os 2 são responsáveis pela primeira abordagem (em “para-brisa”) e constantemente estavam em desvantagem numérica (2x3). Em resumo, é isso. Existem mais conceitos ali dentro, é claro.


Isto perdura até 2021. Obviamente com variações de estratégia e comportamentos dentro das partidas. Esperar em linhas mais baixas (seguindo na marcação “colada”, mesmo nestas linhas) e contra atacar rápido. River em 2018 e São Paulo em 2020/21 servem de exemplo. Ou pressionar mais alto com perseguições em campo “aberto”, como no segundo tempo da final da LA17. Dentro destas estratégias, o Grêmio sempre apresentou falhas, mesmo quando foi vitorioso.


A equipe sofreu – e sofre – com ataques perigosos de seus adversários, que construíam (e criavam) suas chances, após vencer facilmente as primeiras linhas de marcação utilizando de espaços, tempos corretos, atração, desmarques, superioridade numérica. Mas que, por diversos motivos, não se concretizavam em gols. Decisões precipitadas, erros na execução dos movimentos finais, capacidade individual e vitória pessoal da defesa do Grêmio (Grohe-Geromel-Kanemann). Sem gols. Pode acontecer. É futebol.


Chegamos ao contexto. Nos 3 primeiros anos (16-17-18), os jogadores, e Renato, viveram seus auges e o Grêmio tinha uma arma secreta, que também estava muito ligada ao contexto da época: a posse da bola. E por que acredito que a posse de bola está muito ligada ao contexto daqueles anos? Pois poucas equipes tiveram a coragem necessária e a ideia de pressionar “alto” o Grêmio, expondo os zagueiros – e o Treinador – a construírem sob pressão e criar soluções para sair disso. Os adversários respeitavam em demasia o Grêmio, e como estratégia, baixavam suas linhas e ofereciam a bola ao tricolor. Tudo o que os atletas – e o Treinador – queriam. Tabelas, infiltrações, controle da bola, desmarque, aproximações. Era bonito mesmo. Mas estava ligado fortemente a este contexto. Botafogo-Lanús (17) e River-Flamengo (18) não respeitaram isto. Pressionaram e criaram diversas dificuldades. Perderam, venceram. Mas no contexto dos jogos, o Grêmio sempre passou por apertos.


Estes padrões, vistos por aqui, principalmente no gramado da Arena, começaram a mudar a partir das mudanças dos últimos anos do futebol. Que ocorreram na Europa e também aqui na américa. Cerca de 10-12 anos atrás, a solução encontrada para vencer equipes com muita posse de bola era: baixar as linhas e contra atacar. Em resumo, é claro. Internazionale, Real e Atlético de Madri, Chelsea, Corinthians, Palmeiras, são exemplos. Mas nos últimos anos vemos um movimento de mudança muito claro: pressionar mais alto (de diferentes formas) as defesas quando estas tem a bola, tentando provocar erros em uma zona mais “perigosa” do campo, e principalmente, expor atletas que, historicamente, não participavam efetivamente da construção dos ataques e por isso, ainda possuem dificuldades. O que é do jogo e da sua “evolução”. O contexto mudou.


Chegamos na adaptação. Com as mudanças do contexto do jogo por aqui, o Grêmio passou, cada vez mais, a enfrentar equipes que lhe expõem a estas “novas” situações. São diversos exemplos: Flamengo e River em 2018; Libertad, Flamengo e Athletico em 2019; São Paulo, Flamengo, Palmeiras em 2020; Independiente Del Valle em 2021. E com estas mudanças, as respostas estratégicas e comportamentais (com e sem bola), seguem muito parecidas as de 16-17-18, só que agora contra equipes que provocam e expõem mais o Grêmio a encontrar novas soluções para defender e atacar. Que não são vistas.


Renato não conseguiu adaptar o Grêmio às novas estratégias adversárias que encontrou pelo caminho. Equipes com grandes investimentos e outras com nem tanto, aumentaram a exposição dos atletas às dificuldades do jogo e consequentemente, os erros ficaram ainda mais claros. O erro da marcação do segundo gol do Del Valle, por exemplo, pode ser visto contra o Botafogo no Brasileirão de 2017 na Arena, nas quartas-de-final da Copa do Brasil contra o Palmeiras, também na Arena. Em ambos os jogos o Grêmio venceu, porém, os erros que vemos hoje já estavam ali. Só que agora, são mais expostos e não se tem mais a posse da bola – e alguns resultados positivos – “controlando” as partidas para fazer o torcedor e a imprensa nem notarem estes erros. A posse da bola era quase uma “maquiagem”.


Mesmo tendo investimento e qualidade no elenco para melhores desempenhos, Renato não conseguiu evoluir sua equipe. As soluções não passam por troca de Atleta A por Atleta B, contratações de novas peças ou a troca de Preparador Físico ou de Goleiros.


O futebol é um esporte que diversos fatores fazem diferença dentro de campo. Sempre farão. A capacidade de soluções individuais, a técnica dos atletas, os comportamentos psicológicos, encontrar forças para reagir a situações adversas que por vezes parecem impossíveis e que quando acontecem são lembradas por anos e décadas, pelo fator imprevisível do jogo, pelas situações de cada jogador em suas vidas. Tudo influi. Mas os comportamentos táticos estão cada vez mais estudados e fazem total diferença para o desempenho de uma equipe. E nisto, Grêmio e Renato Gaúcho foram ultrapassados.


A primeira e maior solução para adaptar-se, ao meu ver, é a troca de R por algum “x”.

2 Kommentare


margo zalizo
margo zalizo
28. Juli

O futebol sempre evolui, e grandes nomes como Renato Gaúcho fazem parte dessa história. Para acompanhar essa evolução de perto e ainda apostar nos seus times favoritos, recomendo https://parimatch1.br.com/. Simples e confiável.

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rafael telles
rafael telles
15. Apr. 2021

É BEM ISSO AI. JÁ DEU O QUE TINHA QUE DAR ESSE CHARLATAO! TCHAU RENATO! OBRIGADO COMO SEMPRE, PELO MUNDIAL.

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