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Carta para Dona Diva e para as gurias

  • Foto do escritor: Luiz Henrique Berger
    Luiz Henrique Berger
  • 2 de dez.
  • 4 min de leitura
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Demorei, eu sei. Falei para as gurias e para Dona Diva que escreveria sobre o nosso encontro para despedida do Ruy, mas tentava e não saía nada. Não que não quisesse ou não soubesse escrever textos recheados de adjetivos e com a intenção de gerar algum impacto. Nada disso. Mas simplesmente não conseguia. Cheguei arrebentado por dentro de Santa Catarina. Márcia, irmã de Ruy,  a quem contei, logo me puxou a orelha. "Ruy não gostaria de saber disso. Não fala mais isso", me respondeu, de forma idêntica aos chutes de primeira, com a perna esquerda, uma das especialidades do Rey.




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Sobre o encontro, nove dias após o velório do Ruy, é sobre o que pretendo escrever. As gurias nos esperaram para a despedida. Cinzas lançadas ao mar. Jamais tinha participado de uma despedida como essa. João Schmitz e Caio (Edegar dos Santos), "o presidente", como denominou o Ruy, lideraram a viagem até lá. Objetivos, decidiram hora. João combinou tudo com Márcia, saímos na terça cedo e dormimos no apartamento dos Berger Zambrano, em Jurerê. Na quarta de manhã, muito cedo, 6h30, João batia na porta do meu quarto para irmos. O encontro era às 9h. Levaríamos 15 minutos p chegar em Ingleses, mas percebi que eles queriam estar lá mais cedo, e que o dia era para ser vivido em homenagem ao nosso amigo- irmão que havia falecido uma semana antes.


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Pode até haver palavras e certamente pessoas com capacidade que saberiam descrever, mas eu não consegui. Até tentei, comecei várias vezes o texto pelo momento da distribuição das cinzas pela Márcia, de mão em mão, mas não consegui. Fiz alguns registros e compartilho com vocês.

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Escrever o que quando vi Dona Diva descer do carro e vir ao nosso encontro. Escrever o que quando vi a Glória e Sarah. Márcia, buscando forças para se manter firme e conduzir o momento inesquecível, também desabou em lágrimas.


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Meu cantor e compositor favorito, o velho roqueiro Marcelo Nova (por sinal Ruy me presenteou há muito tempo atrás com um LP, raro, de Marcelo Nova, que guardo como relíquia), escreveu: “eu sempre manuseei bem as palavras, mas agora não sei o que dizer”. E é isso.


 

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Só dizer que o amor vibrou entre nós na manhã cinzenta de Ingleses.

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Mar lindo, o pequeno Benício dando um baile no pai, querendo entrar na água, bem como Ruy gostaria que o guri fizesse, enquanto a chuva ia aumentando com o passar do tempo, que parece ter congelado.

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Não sei quanto tempo ficamos lá, não tenho a menor ideia; só sei que o amor vibrou entre nós e vai continuar vibrando. Glória e Sarah me aceitaram como tio. A forma como me olharam e sinalizaram positivamente com a cabeça, com os olhos lacrimejando, não vou esquecer. Elas sabem o quanto eu amava o pai delas. Luiza e Artur também já sabem que tem novas primas. Nise, que Ruy chamava de comadre, adorou a ideia de ter duas novas sobrinhas. E isso não é conversa passageira. Caio e João também assinaram embaixo.




Estaremos, mesmo à distância, sempre com vocês! Não esqueçam disso!  


 

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Meu sobrinho Mateus, que Ruy dizia com orgulho ter carregado no colo, é outro que sofre com a  perda do Ruy. Em fevereiro, nós em Torres, com Tiago, fizemos uma chamada de vídeo para o Rey. Imaginem! O bobão chorou ao ver os dois pela tela do celular. E recordações de 40 anos vieram à mente dele como se os fatos descritos tivessem acontecido minutos atrás. Que memória tinha esse Rey, principalmente para assuntos vividos nos anos 80.




Mateus escreveu:


“O Ruy irradiava os melhores sentimentos universais.


Amizade, respeito, verdade, sarcasmo, amor


Uma fonte, um sol


Como viver sem sol?


Ruy Terra nos tirou o chão


Nossa hora agora é de ser Ruy no dia a dia


Só continuar


Só ser”


 

Obrigado, Mateus Mapa. Conseguiu colocar em palavras um sentimento coletivo que está doendo no peito de muita gente.


 


Nossa hora agora é ser Ruy no dia a dia. Só continuar. Só ser.
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E por falar mais uma vez no amor que vibrou, aqui em Ijuí, quando voltamos, tínhamos mais uma missão.


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A família concordou que trouxéssemos parte das cinzas do Rey para cá. E foram colocadas em dois locais significativos. Um de ancestralidade, junto ao Seu Ary, o pai dele que também foi cedo, com a mesma idade do Ruy, e que descansa no Cemitério Jardim. Assim, temos um lugar para ir toda vez que bater saudade ou tivermos um assunto para tratar com ele.









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E o outro espaço escolhido foi o campo do Gaúcho, no Estádio da Montanha, onde Ruy vivia dizendo que faria seu jogo de despedida. Suas cinzas estão lá. No grande círculo do gramado.

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Zalmir Soares, o presidente do Gaúcho e que, ao ser perguntado se poderíamos fazer a despedida lá, interrompeu meu relato para dizer que sim. E acrescentou: “Eu virei amigo do Ruy sem conhecê-lo pessoalmente. Ele enviava mensagens durante as transmissões esportivas da Rádio Repórter. Parecia um amigo que eu conhecia há muito tempo”. Zalmir virou nas jornadas o Zalma Gol, como Ruy o chamava.


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Aurelião, Duda e Jouberto fizeram questão de estar na Montanha. “Ele vai fazer falta, já está fazendo”, disse Aurélio, o brincalhão que estava sério. Ou melhor, estava sentido. Muito sentido. Duda homenageou Ruy, depositando as cinzas bem no centro do campo, enquanto Jouberto fez o que Ruy queria para a sua despedida. “Só volto se o gramado estiver em condições”, dizia ele. E está, com os cuidados diários do Jouberto.


 

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E agora, como finalizar um texto falando sobre as despedidas para o Ruy?


Conto, para terem uma ideia do que significava esse grande cara, que a empresa onde ele trabalhava teve que disponibilizar psicólogo na semana seguinte ao falecimento, para os colegas do Rey. Estavam arrasados! O nosso irmão Formiga, André Moraes, o "Imperador Formiga" como Ruy passou a chamá-lo, me disse que continua dando bom dia para o Ruy.


 


E eu, que sigo sem ter o que dizer, vou puxar mais uma frase do Ruy, para desejar a todos um dezembro de alegrias e saúde:


“A gente sabe tudo, e o que a gente não sabe, a gente adivinha!"

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Ruy, na terra, no mar e no céu!

 
 
 

1 comentário


marcia_borck
marcia_borck
02 de dez.

Quando um coração gigante fala de outro nossas almas captam a essência do viver! O luto precisa ser vivido, para ser transmutado. A morte precisa ser comentada e a tristeza precisa ser registrada porque assim, seguiremos cientes que posts não são somente das comemorações, viagens fantásticas, alegrias enfim....A morte é um "click" que todos teremos. O fato é: o que deixamos de fazer por nós mesmos? Estamos aqui neste mundo por nossas vidas, com quem trilhamos histórias ficarão memórias! Você, Luiz, em incrível maestria resumiu a vida e a morte! As memórias levaremos, como meu irmão levou! As memórias permanecem, como em nós meu mano deixou! Estarmos juntos num momento de dor e despedida nos faz honrar o q…

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