Uma análise de Inter x Pelotas

O novo Inter de Coudet:

Em um belo anoitecer na cidade de Porto Alegre, o Internacional recebeu o E.C Pelotas em jogo válido pela 2ª rodada do Campeonato Gaúcho de 2020. A equipe do inquieto treinador argentino Eduardo Coudet, mais uma vez mostrou as suas novas ideias para a temporada. Ainda sem as melhores condições táticas, técnicas e físicas a equipe colorada dominou o jogo e venceu a equipe de Pelotas pelo placar de 3 a 1, com gols de Edenilson, D’Alessandro e Paolo Guerrero.

O Internacional,organizando-se de maneira ofensiva em um sistema 1-3-4-3, teve o domínio da posse de bola e controlou as ações durante todo o jogo, porém, não apresentou facilidades para encontrar espaços, na boa organização defensiva do Pelotas (organizado em um sistema 1-4-5-1 sem a bola), treinado por Antônio Picoli.

Diferentemente da estreia na competição, o time colorado apresentou mais ritmo e menos intensidade no seu jogo, com pouca velocidade nos momentos de transição ofensiva. O Inter, com um modelo de jogo idealizado por Eduardo Coudet, buscou construir ações ofensivas a partir da chamada “saída de três”, com a construção de jogo praticada pela entrada do volante Rodrigo Lindoso (no segundo tempo função melhor executada por Damián Musto), entre os zagueiros Victor Cuesta e Rodrigo Moledo.

Mesmo com os laterais colorados avançados na intermediária ofensiva, buscando propiciar maior amplitude para a equipe, o Internacional teve dificuldades para circular a bola com velocidade na fase de construção do jogo, desta maneira a equipe Pelotense conseguiu com sucesso bloquear o corredor central do campo, dificultando a criação colorada nesta zona. No momento em que conseguiu trocas de passes com maior naturalidade, facilitadas pela constante flutuação de D’Alessandro entre as linhas pelotenses, e principalmente em lançamentos diagonais, a equipe colorada usouos espaços em profundidade dos corredores laterais para criar as suas oportunidades ofensivas.

Na fase de criação de jogo, o Internacional foi eficiente, sobretudo, pela participação notável de D’Alessandro, movimentando-se do corredor direito para o centro do campo, que ditou o ritmo do meio campo colorado, com passes e lançamentos precisos. Como pedido pelo treinador colorado, os meio campistas constantemente pisam na área adversária, seja para disputa de bola aérea ou para jogadas em profundidade.

Nas poucas vezes em que o Inter foi pressionado no seu campo de defesa, apresentou dificuldade para manter a posse da bola, com pouca aproximação dos jogadores de meio-campo, e certa descompactação dos setores da equipe, tendo que optar por eventuais bolas longas para disputa de cabeça dos jogadores avançados. Sem a bola, a equipe de Coudet buscou pressionar na saída de bola adversária, efetuando uma marcação com bloco alto de marcação, fazendo com que o time do Pelotas utilizasse ligações diretas para o ataque.

A equipe pelotense, que pouco ficou com a bola durante a partida, levou perigo à meta do goleiro colorado em contra ataques, com tentativa de finalização rápida das jogadas, ocasionados por erros na construção de jogo dos defensores do Internacional (especialmente pelo setor defensivo direito).

Se por um lado o time Colorado apresentou pouca variação tática durante a partida (consequência do pouco tempo de treinamento), é notável também que a equipe tem muito a evoluir no quesito técnico, principalmente no acabamento das jogadas. É um início de ano interessante do Internacional, que mesmo com o pouco tempo de trabalho da sua comissão técnica, têm apresentado uma ideia bem construída de jogo. Certamente nas próximas rodadas, veremos um Internacional crescendo de produção, mais bem preparado, física, técnica e taticamente.

Manoel Eduardo do Prado Shamah