Gerson Machado: "O São Luiz é maior que qualquer diretoria"
- Luiz Henrique Berger
- 22 de ago. de 2022
- 3 min de leitura

A bola rolava na Baixada na tarde do domingo para Elite e Monsoon pela Terceirona Gaúcha quando surgiu apressado o presidente Lauro Hass. Entrou pelo portão principal, foi até a sala do setor administrativo e em seguida retornou. Ao encontrar o gerente financeiro Roberto Tremea, comunicou sem floreios que havia deixado uma carta na mesa junto com as chaves do São Luiz. Pouco mais disse e saiu, para voltar em seguida com o crachá de identificação, que também fez questão de deixar no Clube pelo qual dedicou boas horas de trabalho e empenho nos últimos anos. Nos dois últimos, mais intensamente, por ter assumido a presidência, no rompimento com o grupo que tinha à frente o presidente Pedro Pitol à reeleição, o que nem ocorreu, com Hass concorrendo em chapa única.
Os dois anos foram de desafios crescentes, com pandemia, queda de receitas, e, por outro lado, além do Gauchão, a Série D neste ano e em 2020. Lauro tomou decisões duras, realizou obras, investiu em um chef de cozinha para dar a melhor alimentação possível aos atletas, perdeu noites de sono, e anunciou, ao final da gestão, que não iria seguir.
Trabalhou forte para montar a chapa de situação, e surpreendeu quando anunciou a decisão de continuar por mais dois anos. Apesar da constatação de que teria um novo tempo de crescentes desafios financeiros, tomou a decisão. A dificuldade para montar o novo grupo não foi tarefa das mais fáceis, mas ele não desistiu e reuniu pessoas de diferentes setores, alguns seguindo por mais um tempo, e outros sendo agregados, no processo natural de oxigenação do clube.
Na segunda gestão, iniciada há pouco mais de três meses, começou tirando do papel algo que já estava nos planos, rompendo com a estrutura de escolinhas para apostar num formato profissional com o CFE de Paulo Wissmann e Osmar Laureano. A "menina dos olhos" do presidente, a sonhada base, em processo de organização desde abril, é promissora, deixando animado o dirigente diante da parceria montada. Outra decisão difícil, mas fundamental e arrojada, foi tomada mais recentemente - a disputa da Copa RS. "Nesse campeonato não existe vice", disse um entusiasmado Lauro Hass na abertura dos trabalhos há duas semanas. O ano cheio, prometido, foi cumprido.
No domingo, Lauro Hass, interrompeu o seu ciclo no São Luiz, decisão que, certamente, não foi fácil de ser tomada, mas que, no alto de sua experiência de vida, entendeu que era a mais apropriada e correta para o momento.
A notícia correu entre os atuais dirigentes, com um inicial agendamento de reunião para a segunda-feira, pela manhã. Foi quando entrou em ação a dupla do Marketing. Rogério Hansen e Anderson Robson conversaram, concluindo que havia a necessidade de uma tomada de decisão imediata. Hansen puxou a frente, determinado a informar a todos os interessados ainda na noite de domingo, não somente o ocorrido, mas os encaminhamentos concretos, para iniciar a segunda-feira com uma nova pauta, para além dos desdobramentos em relação à saída de Hass.
E foi assim que às 19h30 o grupo de vice presidentes, mais os diretores estavam na Baixada, num domingo, para decidir e logo o rumo a tomar. Passava das 21h45 quando o comunicado do Clube anunciava a decisão de Lauro Hass e o encaminhamento natural, conforme o Estatuto do Clube, com o primeiro vice Gerson Machado, assumindo a presidência.
Os primeiros a serem comunicados foram atletas e Comissão Técnica. Dez minutos depois, as mensagens foram disparadas no grupo de imprensa. Para jogadores e Comissão, o reforço no conteúdo que a segunda-feira seria de trabalho normal e concentração na preparação para a Copa, que inicia dia 14 de setembro para o São Luiz.
Machado, agora presidente, quase não fez parte da nova diretoria. Foi convencido no último momento de inscrição da chapa a compor como um vice presidente. Sua ideia era seguir ajudando, mas mais distante do dia a dia por vezes estressante e desafiador. Ser presidente é uma exigência e tanto, ouvi mais de uma vez na tarde desta segunda na Baixada, onde o assunto era debatido.
Agora, "todos são presidentes", disse Machado em entrevista, a primeira como presidente do Rubro, para em seguida reconhecer que, "no final, a responsabilidade será minha". Fez questão de frisar que não tinha nenhuma ambição de chegar ao posto mais alto, mas sim, de ajudar e ver o Clube maior.
Ainda em fase de assimilação da nova missão, procurou na segunda-feira se aconselhar com figuras históricas do Clube, elogiou as qualidades dos demais companheiros do "grupo", como ele se refere à Diretoria Executiva e funcionários e concluiu, dizendo que "o São Luiz é maior que qualquer diretoria".
E por que Lauro Hass renunciou?