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As muitas "resenhas" da Escolinha do Seu Bindé em um sábado especial

  • Foto do escritor: Luiz Henrique Berger
    Luiz Henrique Berger
  • 17 de fev. de 2024
  • 4 min de leitura


Por João Luís Bindé*



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"Resenha" na linguagem do futebol: conversa, bate-papo, brincadeira com os amigos. E foi exatamente assim o reencontro de quem passou pela Escolinha do Seu Bindé, como carinhosamente ficou conhecida a Escolinha do Gaúcho entre os anos de 1975 e 1980.


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"Como foi bom ouvir tantas histórias daqueles que conviveram com o pai Ademar Campos Bindé naquele período".
João Luís Bindé






Pouco convivi com os meninos por estar dividido na época entre o final do então Científico, o serviço militar e o início da faculdade de Jornalismo em Santa Maria. Mas entrar no Estádio Bertoldo Christmann, a Montanha, sempre mexe com as emoções. Afinal, tantos foram os domingos na minha infância e adolescência em que acompanhava o pai em suas diferentes funções no Grêmio Esportivo Gaúcho – presidente, tesoureiro, diretor de futebol, treinador, entre outras. Não foi diferente neste sábado, 10 de fevereiro de 2024.

         Os guris da Escolinha do Seu Bindé trazem hoje marcas do tempo, natural de quem agora já anda na faixa dos “enta” (50 ou 60). Aos poucos o grupo vai se formando. Para alguns é sim um reencontro depois de longos anos. Nem todos fizeram carreira no futebol, poucos talvez se transformaram em “craques”. Tenho junto uma lista com 105 nomes que passaram pela Escolinha, divididos por posição.



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Na relação cuidadosamente deixada pelo Seu Bindé estão sete nomes que ele menciona numa mensagem que tivemos acesso, eu e minha irmã Marilise, quando da sua morte em 3 de junho de 2021. Como já fiz em post logo após sua morte, brinco novamente: não sei explicar a “lista dos queridinhos do treinador”.

         As resenhas surgem como lembranças de um tempo muito especial. A viagem para jogar em San Vicente, na província argentina de Misiones (1978), parece estar entre as memórias de quase todos. Primeiro a viagem num ônibus daqueles que faziam linhas ao redor de Ijuí, um tanto antigo. A travessia em balsa no Rio Uruguai parece ter causado medo nos garotos, com a água muito próxima. Do outro lado a primeira surpresa: sem ônibus para seguir até o destino, o jeito foi mesmo improvisar na carroceria de camionetes ou mesmo em carros. Bem menos tenso que a volta, quando todos vieram agarrados numa espia em cima de um caminhão de carregar toras.

Na noite anterior aos jogos, o pedido do Seu Bindé foi de que todos fossem ao culto “para dar bom exemplo”. Tem que diga que os que mais precisavam rezar se “perderam” com algumas taças de vinho e sentiram a cama girar durante a noite. Melhor não dar nomes. No outro dia tiveram a atenção chamada e o recado de que estavam fora do jogo. Porém, na hora de entrar em campo ganharam a camiseta e foram para o campo. Aliás, quase sem grama, apenas a terra vermelha que bem conhecemos por aqui. Talvez nos dias atuais o orientador da Escolinha tivesse que dar muitas explicações para uma aventura com cerca de 40 garotos em país vizinho. Outros tempos.

Entre as tantas lembranças vem uma pergunta: e as orientações em campo do Seu Bindé? Pelo jeito não eram tantas assim na hora da distribuição das camisetas e a indicação do posicionamento de cada um. O que mais segue vivo em todos vem mesmo de fora do gramado. Muitos descobriram a existência da Escolinha por relação de vizinhança, amizade de escola, teve até mesmo quem era buscado em casa pelo treinador em sua Belina marron metálica. Esta resenha o “camisa 10” repetiu aos antigos companheiros de time, em tom de brincadeira. Mas independente de ter ou não privilégios, todos eram acolhidos com muito carinho, palavras de estímulo e ensinamentos para a vida, começando pelo respeito aos pais.

         De volta em casa, retornando da Montanha, a foto estampada do avô na camiseta especialmente feita para o encontro aguça a curiosidade do filho Henri (11 anos), que faz a leitura da escrita: Obrigado Seu Bindé. Escolinha do Gaúcho Categoria de Base – 1975 a 1980. A curiosidade de quem já ouviu alguns dos nomes revelados pelo avô para o futebol o faz perguntar: “Pai, então quer dizer que em apenas cinco anos o vô conseguiu revelar tantos craques?”. E a confirmação de que sim. Muitos vestiram camisetas de clubes aqui do Rio Grande do Sul, de outros estados e até do exterior. Teve até quem usou o “verde e amarelo” do Brasil, o que sempre foi motivo de muito orgulho.

         Mas o reencontro me fez perceber que existe algo em comum na trajetória de todos. E que não vem do campo. Seu Bindé foi um orientador na vida daqueles meninos, pegando pela mão e mostrando que com determinação, disciplina e uma dose de talento é possível vencer na vida.


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Idomar Áquila e Tim (Martim Wissmann) batem bola no remodelado gramado da Montanha


Lição que parece ainda estar viva na memória de cada um dos seus “craques”. Obrigado por vocês passarem um pouco da emoção que ainda sentem pelo tempo de convivência e, principalmente, ensinamentos deixados pelo meu pai Ademar Campos Bindé.

"Valeu muito ouvir cada “resenha”.


João Luís Bindé, jornalista e filho de Ademar Campos Bindé.

 

 
 
 

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